sexta-feira, 31 de julho de 2015

Ada Foah Beach

No último fim-de-semana, nós e os restantes voluntários da nossa casa decidimos ir passá-lo na praia. Na sexta-feira à noite, partimos numa carrinha com 15 lugares (um "tro-tro") e após 4 horas de viagem chegamos ao nosso destino: Ada Foah Beach. A viagem foi longa e atribulada, não propriamente pela distância, mas pelas condições das estradas. Até lá passamos por várias estradas de terra com enormes buracos, o que nos obrigava a andar a 10 km/h. Quando chegamos, não podíamos ficar mais surpreendidos. A carrinha parou numa pequena aldeia de pescadores com pequenas cabanas feitas com terra, palha e lama onde a única luz que tínhamos era a da Lua e das pequenas fogueiras que aqueciam os pescadores. Depois de uma caminhada de 30 minutos às escuras, fomos até um clube de praia numa pequena ilha onde passamos a noite. Os quartos eram cabanas de bambu na areia apenas com camas e redes mosquiteiras. Na ilha não existia nem eletricidade nem água corrente, pelo que só de manhã fomos capazes de ver a sua beleza. 
No dia seguinte, acordamos todos por volta das 6h30 da manhã, o que nos deu a oportunidade de apreciarmos o amanhecer passeando ao longo daquela ilha paradisíaca. O rio e o mar unem-se nesta ilha, formando uma grande baía que nos proporcionou vistas espetaculares e uma manhã de praia incrível, todos juntos.
De tarde fomos de barco até uma outra pequena aldeia noutra ilha, conhecida pela sua produção caseira de água ardente a partir da cana de açúcar. Esta era mais uma aldeia de pescadores, que se assemelhava a uma tribo. Foi incrível ver como as pessoas da aldeia vivem apenas do que a Natureza lhes oferece. Sem saneamento, sem eletricidade, com casas construídas apenas com materiais naturais, utilizando o fogo para cozinhar, aquecer e iluminar. As crianças têm todos os dias que atravessar o rio de barco para chegarem à sua escola.
Este fim-de-semana também nos permitiu ficar a conhecer um pouco melhor os restantes voluntários da nossa casa, pois nos últimos dias alguns voluntários foram embora e outros chegaram. Duas raparigas dos Estados Unidos, uma do Texas e outra de Mississipi, chegaram há cerca de 2 semanas e tal como nós sentiram o choque cultural inicial. Ter alguém que compreende a dificuldade que é viver nestas condições tornou as coisas bastante mais fáceis para nós. Actualmente, entre voluntários e membros da AIESEC, somos cerca de 20 pessoas a viver na casa, de diversos países desde a Nigéria, Costa do Marfim, Libéria, Estados Unidos e Benim. Está a ser muito bom conhecer tantas pessoas de países e culturas tão diferentes, especialmente porque são todos tão simpáticos e boas pessoas. Não podíamos ter tido mais sorte! 
                                                

























quarta-feira, 29 de julho de 2015

Hope Faith Home

Desde que chegamos ao Ghana, há cerca de 3 semanas, temos estado a ajudar sempre que podemos uma colega voluntária, a Adedayo, da Nigéria, que todas as tardes ajuda as crianças de um orfanato local a fazerem os seus trabalhos de casa ou a estudarem. O "Hope Faith Home" é um orfanato que acolhe cerca de 35 crianças e adolescentes órfãos ou cujos pais, por incapacidade física ou mental, não são capazes de os criar. Além destas crianças, o orfanato é também um local onde algumas das crianças e adolescentes mais pobres da área vão para estudar, comer e brincar. 
Durante as nossas visitas fizemos de tudo um pouco. Ajudamo-los com os trabalhos de casa, ensinamos alguns meninos a ler, lemos histórias e contos, ensinamos geografia e ciências, ajudamo-los com as contas de somar e subtrair e brincamos muito também.  Faz-nos sentir muito realizados ver a evolução destas crianças a cada dia que passa. Um exemplo disso, é o Prince que tem 7 anos e no primeiro dia em que fomos ao orfanato estivemos a ajudá-lo a ler, pois não o conseguia fazer sozinho. Nos dias seguintes, quando chegava da escola vinha sempre ter connosco com um livro na mão para o ajudarmos e, por isso, decidimos dar-lhe um livro e fazê-lo prometer que iria ler algumas páginas todos os dias e mostrar-nos o quanto tinha lido no dia anterior. É possível ver a evolução nestas 3 semanas e esperamos que até ao final do nosso projecto o Prince consiga ler bem e sozinho. É incrível o quanto estas crianças querem aprender, mesmo com tão poucos recursos e apoios nas escolas.
Após termos visitado o orfanato 2 vezes, decidimos, à semelhança do que fizemos na escola, organizar também no orfanato uma pequena sessão onde ensinamos as crianças a importância de lavar os dentes e as mãos. Com as doações que fomos recolhendo em Portugal, fomos capazes de oferecer a cada uma das crianças uma escova e uma pasta de dentes. Oferecemos também à biblioteca do orfanato um conjunto de livros de histórias, contos e educativos em inglês que nos foi generosamente doado pela Porto Editora, à qual mais uma vez agradecemos. Os meninos ficaram super felizes e entusiasmados como podem ver nas fotografias. Tudo isto nos faz sentir que todo o esforço vale a pena e sentimo-nos muito gratos por ter esta oportunidade!
Para terminar, obrigado a todos que contribuíram para podermos proporcionar tudo isto a estas crianças. O que é pouco para nós, é muito para eles.
Esperamos que gostem!












domingo, 26 de julho de 2015

Uma Semana Difícil

Infelizmente, não fomos capazes de começar o nosso projeto no Hospital Pentecost esta semana, como seria suposto. Tal aconteceu porque domingo à noite ficamos doentes. A causa? Provavelmente o nosso jantar, comprado na rua, ou alguma coisa que comemos antes. Se até aqui as condições de habitação não nos pareciam as melhores, sem dúvida que durante estes dias nos pareceram ainda pior.  Durante este tempo ficamos sem eletricidade várias vezes, mas a verdadeira dificuldade começou quando ficamos sem água e nem à casa de banho podíamos ir. Como no dia seguinte pioramos circunstancialmente e começamos a ter febre e vómitos, decidimos ir ao hospital. Já de noite, apanhamos um taxi que nos levou a um hospital privado em Accra. No caminho, o taxista levava um lenço branco fora da janela de forma a sinalizar a nossa situação de emergência.
O hospital, não maior do que um centro de saúde em Portugal, era limpo e com boas condições. Alguns exames e 150 euros depois, foi-nos dito que felizmente apenas seria uma gastroenterite bacteriana e com antibióticos e bastante hidratação fomos melhorando aos poucos. Na sexta-feira, já recuperados, regressamos finalmente ao orfanato "Hope Faith Home", que temos visitado regularmente. Contaremos tudo sobre o orfanato e o que temos feito no próximo post. Depois desta experiência e de termos testemunhado na 1ª pessoa o quanto custa ter acesso a bons cuidados de saúde no Gana, estamos ainda com mais vontade de começar o nosso projeto! 

domingo, 19 de julho de 2015

Youth Hope School

Enquanto não começamos o nosso projeto de voluntariado no Hospital Pentecost, em Accra, decidimos aproveitar o nosso tempo para visitar uma escola. Até lá, apanhamos 2 tro tros (os transportes públicos locais) que são basicamente carrinhas Ford Transit com cerca de 24 lugares e um "pendura" que vai gritando o local de destino. A escola fica em Boola Junction, Labadi, uma zona visivelmente pobre, onde as habitações estão bastante degradadas.
Quando chegamos à escola as crianças ficaram em êxtase por nos verem e as professoras explicaram que os meninos não estão habituados a ver pessoas brancas. São todos super carinhosos e amorosos. Sempre a abraçarem-nos, a fazerem-nos festinhas, a pentearem-nos e ensinarem-nos os seus nomes.
No primeiro dia, ajudamos as professoras a darem as suas aulas, visto que há 1 professora para uma média de cada 40 alunos. Após constatarmos as condições que os alunos tinham decidimos no dia seguinte, com algum do dinheiro que juntamos com a venda das pulseiras e dos pins, comprar algum material escolar para as crianças. Compramos então 80 cadernos escolares, 120 lápis, 40 borrachas, 72 lápis de cera, 1 caixa de marcadores e 1 caixa de giz.
No quarto dia decidimos então dar uma pequena aula onde explicamos e demonstramos aspetos básicos de higiene oral e da lavagem das mãos e a importância de o fazer frequentemente. Com o material que recolhemos em Portugal conseguimos oferecer a cada um dos estudantes desta escola uma escova de dentes ou uma pasta dentífrica. São 160 crianças dos 2 aos 9 anos cujos pais passam por extremas dificuldades apenas para pagarem a escola (40 cedis por trimestre o que equivale a menos de 1 euro por semana). A felicidade e gratidão demonstradas pelo diretor da escola, pelas professoras e pelos próprios alunos são algo que dificilmente iremos esquecer. As imagens valem mais que qualquer descrição.